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“Aqui tem o trabalho do TCE-GO”: concessão do Complexo Serra Dourada é tema do segundo episódio
Conheça as histórias de três torcedores e como elas se conectam à atuação do Tribunal
Por Administrador
Publicado em 30/10/2025 15:41
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Episódio 2 - Memórias do Serra Dourada: muito além do futebol
com Mauro Batista, Hamilton Tavares e Marina Veiga

O que faz a gente se sentir em casa na cidade onde moramos? São as pessoas que conhecemos? Os endereços que localizamos com facilidade? Tudo isso, sem dúvidas. Mas se sentir em casa na nossa cidade tem a ver ainda com as memórias e experiências vividas junto ao espaço físico urbano. Pode ser a escola onde estudamos, a praça que frequentamos: cada um desses não é só mais um lugar, é o nosso lugar na cidade. Para o Mauro, o Hamilton e a Marina, a casa tem o mesmo nome: Estádio Serra Dourada.

Sexta-feira, 30 de novembro de 2013. O primeiro gol sai aos 41 minutos do segundo tempo e, depois, mais um, nos acréscimos, pelos pés de Ricardo Jesus. “Tinha que ter Jesus no meio!”, Mauro sorri. Aos 47 anos de idade e 33 de arquibancada, ele relembra as grandes emoções vividas no Serra. “Tirar o tricampeonato do Goiás no último minuto, ganhar de 3 a 1 do São Paulo, eliminar o Palmeiras nos pênaltis com o Marcos no gol, que tinha acabado de ser pentacampeão com a seleção brasileira...”, Mauro sabe de cor, do francês savoir par coeur, saber de coração. “Mas, pra mim, nada se compara ao jogo do Atlético contra o Guaratinguetá em 2013, porque eu vivi a vida do Atlético naquele momento, todo dia eu estava dentro do centro de treinamento, e eu sabia que se o time caísse pra série C ele fecharia as portas”.

Ao lado de um tio, a primeira visita dele ao estádio foi ainda criança. “Eu era menino, tinha sete pra oito anos”, relembra. “Foi durante um clássico, Goiás e Atlético. Eu tenho apenas uma lembrança desse jogo: o atacante do Atlético, na época era o Gilson Batata, chutou a bola e o goleiro do Goiás, o Eduardo, fez uma grande defesa desse lado aqui.  Ele fez uma ponte e ficou quase rente ao travessão”, explica apontando em direção ao gol, na altura da entrada para os vestiários. “Lá em casa, ou você torce pro Atlético ou você nem entra. Meu pai é desse jeito”, diz aos risos ao contar como nasceu a paixão pelo time rubro-negro.               

Domingo, 8 de fevereiro de 2009. O Vila Nova abre o placar logo no início da partida, aos 3 minutos. Ainda no primeiro tempo mais dois gols, dessa vez do Goiás. O que veio a seguir ficou para sempre na memória do Hamilton. Foram outros quatro gols do time esmeraldino, no segundo tempo do jogo, e o eterno 6 a 1. “Cada gol era uma explosão, uma vibração. Aquilo pra mim foi marcante, ficou na história, e olha que eu vivi nesse Serra Dourada 99,9% das partidas do Goiás. É uma emoção muito grande, uma coisa que você tem que viver pra contar”. Ele se recorda do lugar onde estava naquele dia. Indica a arquibancada, do lado oposto aos vestiários, na altura do centro do gramado.  

“São 45 anos de torcida neste estádio. A gente saía daqui e continuava lá fora. Eu já fui embora às duas da manhã, comemorando. O Serra Dourada tem essa atmosfera que agiganta a torcida, que faz o time de fora tremer”. Em 1975 Hamilton também esteve lá, assistindo ao jogo entre a Seleção Goiana e a Seleção de Portugal, junto com mais de 70 mil pessoas. “Foi magnífico. Esse colossal gigantesco ficou assim que você não conseguia colocar um dedo no meio do povo, era um junto com o outro. Uma atmosfera difícil de explicar, a melhor coisa que eu já passei em toda a minha vida foi aqui, na inauguração do Serra Dourada”.

Domingo, 17 de abril de 2005. A final do Campeonato Goiano coloca Vila Nova e Goiás frente a frente. A disputa nos pênaltis dá ao time colorado a vitória e Marina, então com seis anos de idade, comemora de perto. “Eu não tenho memórias específicas do jogo, mas eu tenho memórias do estádio, da emoção, das pessoas, e tudo isso meio que se mistura”. Filha de educadores físicos, o esporte sempre esteve presente. “O meu pai foi árbitro de futebol por muitos anos. Ele se aposentou em 2008 e eu nasci em 1999, então toda a minha primeira infância foi dentro de um ambiente que consumia muito futebol e que tinha o estádio como palco das nossas vivências”.

Na sala de jantar de casa, ela conta, o porta-retratos exibe a foto de um jogo entre Vila e Goiás, no Serra. “Este é um lugar tão grande pra minha família que a gente come todo dia olhando pra cá”, as mãos se movimentam como se quisessem tocar a arquibancada. Os afetos da infância cresceram junto com a Marina e puderam ser revisitados agora, 20 anos depois. “Este ano eu fiz a minha primeira cobertura aqui no estádio. Era um jogo entre Vila Nova e Cruzeiro pela Copa do Brasil e, pela primeira vez desde que eu era criança, eu passei pelos mesmos lugares. Eu entrei pela tribuna novamente, andei por corredores e escadas, e imediatamente me lembrei de coisas que, na minha cabeça, faziam parte de um imaginário infantil. Era uma coisa ali muito perdida, muito... tanto que eu fiz essa cobertura e chorei do início ao fim”. E como é ter uma profissão-paixão? “A Marina jornalista não é torcedora, mas é uma Marina que tem um olhar muito mais apurado por ser torcedora”.  

Quarta-feira, 25 de setembro de 2024. O Plenário do Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO) aprova o documento que reúne recomendações, ao governo estadual, a respeito do projeto de Concessão e Modernização do Complexo Serra Dourada. Essa é a última etapa do extenso trabalho de acompanhamento e avaliação realizado por uma equipe de auditores do Tribunal. O objetivo é garantir a legalidade, a legitimidade e o uso eficiente dos recursos públicos no projeto que transfere à iniciativa privada, por 35 anos, a gestão de alguns espaços, entre eles o Estádio Serra Dourada.

As recomendações incluíram iniciativas que ajudam a prevenir fraudes e prejuízo milionário ao Estado. O cálculo do BDI é exemplo disso: ao custo direto da obra (que incluiu gastos com mão-de-obra e materiais de construção, por exemplo), é adicionado um valor para cobrir despesas indiretas e garantir o lucro da empresa gestora. Esse é o BDI, Benefícios e Despesas Indiretas. Quando não aplicado adequadamente, pode haver risco de contratação de itens com preços acima do mercado e inclusão de custos duplicados. Durante a análise da proposta de concessão, o TCE-GO recomendou a revisão do cálculo do BDI e, com isso, o custo total da obra foi reduzido em cerca de R$ 9 milhões. 

A elaboração de laudos periciais de engenharia, mais aprofundados e capazes de identificar possíveis problemas não aparentes, também foi recomendada pelo Tribunal, afinal, o Estádio Serra Dourada foi construído há 50 anos e, além de milhares de histórias, ele carrega o peso do passar dos anos. O raciocínio é simples: quanto mais a concessionária conhece a realidade estrutural da construção, menor a chance de ser surpreendida por problemas que lhe impactarão financeiramente. Sem sustos na viabilidade econômica do projeto, o Estado também sai ganhando, já que eventuais reequilíbrios econômico-financeiros podem diminuir o repasse da concessionária ao Estado, o chamado valor de outorga.

Acompanhar o projeto de Concessão e Modernização do Serra Dourada vai, para o TCE-GO, além da transparência e do uso responsável dos recursos públicos: é contribuir para que as memórias e afetos do Mauro, do Hamilton, da Marina e de muitos outros milhares de goianos continuem a ser vividas pelas novas gerações. “Este é provavelmente um dos lugares onde eu mais estive em Goiânia. É um dos lugares em que eu cresci, me tornei quem sou. O Serra Dourada tem coisas que outros lugares não têm. Como repórter eu já rodei vários estádios, fui em muitos lugares e nada se compara ao Serra. A forma como a arquibancada treme quando você pula é diferente, e sentir isso embaixo dos seus pés tem gosto de casa”.

“O Serra Dourada precisa passar por uma reforma ampla há muito tempo. Os banheiros têm muitas rachaduras, o placar eletrônico está ultrapassado. Aqui não tem fraldário! Os cadeirantes ficam naquele quadradinho ali, no sol ou na chuva se quiserem assistir ao jogo. O público tem que ter vontade de vir novamente. O Serra é um patrimônio goiano, é um patrimônio da cidade. Aqui poderia ter um museu falando da história, das grandes vitórias dos clubes goianos”. Palavras do Mauro, que vive o Serra de cor. De coração.   

Uma data qualquer, no futuro.
 

Texto: Gabriella Gouvêa

Assista ao segundo episódio da série no Youtube do TCE-GO
Saiba mais sobre esse acompanhamento realizado pelo TCE-GO: http://bit.ly/48lFS5p
Leia também: Episódio 1 – Do ensino médio à universidade

 

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